Era uma vez… quer dizer, não era, é! Esqueçam! Recomecemos…
Gregório era um anãozinho que habitava num luxuoso condomínio privado próximo do Campo Grande. A sua vivência abastada resultava da associação a uma vasta gama de empresas de bebidas alcoólicas. Todas elas tinham usado e abusado da sua fama por entre os jovens e sôfregos consumidores. Praticamente todos os habitantes da noite nacional conheciam o Gregório pessoalmente devido às suas devastadoras incursões em bares e discotecas. Até musicas tinham sido feitas em sua homenagem.
Mas havia um pequeno senão. Apesar da imensa fama, o seu feitio muito peculiar vinha causando amargos de boca nas pessoas que o conheciam. Havia os amigos regulares, que gostavam muito de desabafar com ele, deitando cá para fora tudo o que lhes ia na alma (e não só), e havia os conhecimentos de ocasião, que após uns belos shots de tequilla, acabavam em cenas menos próprias numa qualquer casa de banho de um bar.
Um dia os pais chamaram-no para terem uma conversa que lhe haveria de mudar a vida: ele tinha um irmão gémeo. O seu nome era Alzheimer e havia sido levado à nascença para a Alemanha pela ama, mas agora tinha conseguido descobrir a sua família verdadeira.
Desde logo os dois irmãos se entenderam muito bem. Começaram a andar juntos. Mas Alzheimer era muito temperamental e começou a dar cabo da cabeça a muitos dos amigos do Gregório. Enquanto juntos, Gregório como que dominava com a sua habitual postura, desenvolto, a debitar decilitros de cultura gastronómica. Mas na ausência deste, Alzheimer assumia uma faceta de “evil twin”, levando as pessoas a esquecerem-se por completo de muito do que haviam feito nessa noite.
Esta dupla subsistiu durante muito tempo. Até que Alzheimer começou a ter o seu próprio grupo de amigos, que foi crescendo e crescendo. Gregório, sentindo-se excluído, começou também a andar sozinho. Juntavam-se ocasionalmente, mas a sua convivência era cada vez menor.
Alertado por alguns esquecimentos do irmão, o fisco decidiu analisar as declarações de Gregório. Foi terrível. Há anos que ele fugia descaradamente ao IRS e nunca ninguém havia feito nada para contrariar essa situação. A DGCI decidiu tornar este caso um exemplo e resolveu cobrar tudo o que ele devia. E com juros! Separaram-se os irmãos. Alzheimer continuou a sua vida habitual, levando muitas pessoas ao desespero com a sua conversa amnesiante. Gregório viu-se forçado a vender todo o seu património, começando pelo apartamento no Campo Grande. Passou a habitar num esgoto da cidade de Praga, capital da República Checa, também chamada de cidade dourada. Mas a sua falta ainda é notada por todo o território nacional, pois raras não são as vezes que vemos os nossos amigos a chamar pelo Gregório numa qualquer sanita por aí!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário