quinta-feira, janeiro 29, 2004

Vivo ou morto

Vivo
Para sentir o sol que me aquece
Para passear pelos dourados campos de trigo
Para ser gentilmente levado pela brisa
Para ouvir o marulhar das ondas ao embaterem nas rochas
Para escutar os conselhos dos anciãos
Para partilhar os bons momentos com os que me rodeiam
Para sentir o doce gosto de um beijo
Para saber o que é amar, sem restrições
Ou será que apenas existo
Para me afundar num mar de amargura
Para ser rejeitado e escorraçado como um cão
Para me perder em contínuas e fúteis ilusões
Para estragar tudo aquilo em que toco
Para ser sempre enganado pelos outros
Para sentir desejos mórbidos de vingança
Para me ouvir a mim mesmo gritar "Cobarde!"
Para sentir que mais valia estar
Morto

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