E de repente, tudo se resume a uma imensa escuridão.
Incapazes de ver um palmo à frente do nariz, cambaleamos, como que atingidos por uma qualquer bala disparada à queima roupa. Tudo o que nos rodeia torna-se agora um obstáculo à nossa progressão. Qualquer atitude que tentemos tomar é condicionada por este breu que nos envolve, que inconscientemente nos tolhe os movimentos e nos torna seus prisioneiros. Com o passar dos dias vamo-nos acomodando a esta escravidão, às nódoas negras resultantes dos embates com os objectos que nos barram o caminho. Afinal, como nada vemos, os hematomas não se notam... só se sentem. Doem muito, mas aguentamos. Com o acumular das pancadas, começamos a perder a esperança. Sentimo-nos fracos para lutar contra este interminável véu de obscuridade.
Até que um dia vemos um pequenino ponto de luz. Como uma estrela solitária num céu de breu. Esta pequenina luzinha vai-nos iluminando suavemente, tirando-nos lentamente desta letargia a que nos haviamos votado. Conforme vamos novamente despertando para a vida, esta luzinha vai aumentando de tamanho, como que recompensando-nos pela atenção que lhe damos. Torna-se o sol da nossa vida. Finalmente voltamos a ver o mundo, como quem acorda de um pesadelo num quarto cheio de luz. Habituando-nos de novo à claridade, percebemos aquilo que perdemos quando estivemos na escuridão total. Mas na vida não há que ficarmos a lamentar-nos pelos erros cometidos. Há que sarar as feridas e avançar, partir em direcção à fabulosa claridade que se nos apresenta. E apesar de “Onde mais intensa é a luz, maiores são as sombras”, "se deres as costas à luz, nada mais verás além do que tua própria sombra..."
sexta-feira, abril 30, 2004
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