segunda-feira, março 22, 2004

A coisa das causas

Podia-vos pedir desculpa pela minha demorada ausência, mas também, um dos privilégios de ser autor de um blog é não ter que prestar contas a ninguém, excepto a mim mesmo...
Acho que uma das Leis de Murphy postula que se alguma coisa tem uma possibilidade, ainda que ínfima de correr mal, ela efectivamente vai correr mal. Quando uma coisa começa a correr mal, não há outras que lhe queiram ficar atrás! E se a causa de todo este tumulto é uma mulher, ainda as coisas se tornam mais difíceis.
É neste momento que uma mudança de prioridades se torna mais adequada. Geralmente o trabalho é o escape mais proveitoso porque ao dirigirmos para ele grande parte das nossas energias, conseguimos uma maior rentabilização. E se para além disso o trabalho for realizado num ambiente saudável, rodeado de colegas (femininas) simpáticas, bonitas e inteligentes, e de colegas (masculinos) espirituosos, companheiros e cúmplices, a coisa torna-se bem mais fácil.
Não se pode, mesmo com todas estas atenuantes, apagar um pedaço da nossa memória de um momento para o outro. Há que tentar criar novas memórias e fazê-las difundir para o local das outras, substituindo a sua maior parte. Isso é que se torna mais complicado.
A busca incessável dos homens (verdadeira caça aos gambuzinos) por uma mulher com quem partilhar a vida (ou pelo menos parte dela) torna-se neste momento uma descoberta constante. Uma busca também de si mesmo, de coisas há muito perdidas ou escondidas no fundo de gavetas da nossa personalidade. Finalmente abrimos os olhos e começamos, qual Vasco da Gama, a descobrir o mundo em nossa volta e que durante tanto tempo nos esteve vedado, não por qualquer proibição alheia, mas sim por uma auto-constrição que nos fez centrar numa só pessoa. Enfim, o gatinho fugidio torna-se um audaz tigre.
Qual o sentido de ficar parado à espera que o destino se encarregue de nos trazer alguém que possa ocupar esse lugar? Quanto mais tempo mantermos o lugar vago, mais ansiosa se torna a busca e mais riscos corremos de acabar com alguém apenas por medo de ficarmos sozinhos. A solução também não é entrarmos de olhos fechados numa nova relação apenas para “tapar o buraco”. É claro que o fornicanço ocasional é uma prática corrente, mas não acho que um relacionamento estável se possa basear apenas nisso (ou será que pode?). Há que saber procurar, indagar da disponibilidade, despertar o interesse e saber mostrar-nos como somos, sem subterfúgios. Há que ter a esperança de que pelo menos uma mulher nesta santa terrinha esteja interessada em nós! E que mais cedo ou mais tarde havemos de a encontrar!

Termino com uma frase que, englobada neste espírito de empatia, demostra uma profunda esperança no futuro: “Se ainda não encontraste a pessoa certa, continua a curtir com a errada.”!