quinta-feira, janeiro 29, 2004

Vivo ou morto

Vivo
Para sentir o sol que me aquece
Para passear pelos dourados campos de trigo
Para ser gentilmente levado pela brisa
Para ouvir o marulhar das ondas ao embaterem nas rochas
Para escutar os conselhos dos anciãos
Para partilhar os bons momentos com os que me rodeiam
Para sentir o doce gosto de um beijo
Para saber o que é amar, sem restrições
Ou será que apenas existo
Para me afundar num mar de amargura
Para ser rejeitado e escorraçado como um cão
Para me perder em contínuas e fúteis ilusões
Para estragar tudo aquilo em que toco
Para ser sempre enganado pelos outros
Para sentir desejos mórbidos de vingança
Para me ouvir a mim mesmo gritar "Cobarde!"
Para sentir que mais valia estar
Morto

terça-feira, janeiro 27, 2004

Miki Fehér

"A morte do artista

Entrou no palco com um sorriso na boca e o cabelo a voar, deslizou até ao centro e tomou o lugar que lhe competia. Rodeado pelos outros, sentia-se bem, sentia-se o centro do mundo, que era como se sentia sempre antes de entrar em acção. Aquilo era a sua vida, o seu sonho, tudo o que sempre desejara desde que se lembrava de ter tino, corpo, mãos, pernas, pés, ossos, músculos.

Uma máquina em sintonia perfeita, da qual ele tratava como se fosse um cavalo de corrida, dos que valem milhões de dólares. Ele também valia, ou melhor, valeria, se tudo corresse bem, se fosse tão bom que fosse o melhor, o mais bem pago. A ideia abria-lhe na boca um sorriso maior, como se estar ali naquele lugar àquela hora fosse uma espécie de destino cumprido, com a brisa morna da noite a varrer-lhe os cabelos e a confiança de oiro a reluzir.

A entrada no palco era o momento, o ronco atento do público, a respiração parada da multidão antes do ataque, a agressão controlada ao adversário, a deixa certa, a ocupação do tempo e do espaço como processos absolutos, obedecendo a leis tão destruidoras e tão caprichosas como a lei da natureza. Aquilo começou, era a hora. A multidão levantou-se e deu a ordem da batalha.

O suor caía-lhe pela pele, um visco quente que o aquecia mais, cada vez mais, como se estivesse a arder, como se fosse um gladiador dentro do circo. As mãos tinham deixado de existir excepto para agarrar, tactear, impedir o outro, impedir o intruso entre ele e a sua hora, o seu milésimo de segundo, aquele milésimo de segundo que decide quem ganha e quem perde.

Naquele palco ou se perde ou se ganha, não há segundos nem terceiros, não há medalhas de prata nem bronze. A multidão estava de pé, exaltada, esgotada, molhada ela também de suor e delírio, e no palco ele corria como um animal na selva buscando a presa, perseguindo-a até levá-la a fazer o que não queria, entrar na ratoeira.

Cada vez que a presa caía na ratoeira, a multidão levantava-se e roncava a vitória de um dos grupos, e tinha de ser o dele, era para isso que vivia, para vencer.

De repente, sentiu o coração a explodir, o corpo a vaguear, a fugir-lhe como se não lhe pertencesse. Sorriu uma derradeira vez e caiu no chão como uma árvore derrubada, um árvore que ainda não parara de crescer.

A multidão estava sobre ele, abraçava-o, chorava-o, dava-lhe socos no peito parado, gritava com ele para ele viver. Ele já não os ouvia, os seus fãs, o seu público. A sua vida. O coração despedaçado recusou continuar, fez-se um grande silêncio de choro suspenso, e o jogo de futebol acabou ali.

No instante de glória em que o gladiador tombara na arena antes do tempo. A bola, presa abandonada, rolou para o canto e deixou-se ficar imóvel, uma coisa chorando a morte do homem que lhe dera tantos pontapés. Tantos pontapés.

Morreu como os toureiros, disseram depois. Morte de artista."

Clara Ferreira Alves in Record

sexta-feira, janeiro 23, 2004

M. R. S.

Hoje apetece-me ter uma tirada à professor Marcelo Rebelo de Sousa. Vou sugerir dois livros.
Em primeiro lugar, temos uma fabulosa epopeia sobre uma das coisas que mais nos fascinam: o rabo! "O cú através dos tempos" traz-nos um vasto fresco cusal, da origem dos tempos até aos nossos dias. É uma obra que se lê com um deleite acrescido, nomeadamente para os apreciadores de um bom glúteo.
Em segundo, um livro que alguns já poderão ter folheado nos expositores de algum centro comercial, é uma obra que encerra em si um conteúdo deveras surpreendente. "Guia para ficar a perceber ainda menos sobre as mulheres" é um livrinho pequeno em volume, mas que possui uma vasta panóplia de conselhos extraordinariamente úteis ao homem dos dias de hoje que tem por anseio arranjar uma cara-metade. Repleto de úteis conselhos e reveladoras explicações, este guia é um valoroso auxiliar na compreensão dessa intrincada rede, similar a uma teia de aranha, que é a mente feminina.

Espero que os livros que sugeri sirvam para vos cultivardes (soa a esquisito... mas existe!) um pouco mais.
Que possam iluminar o vosso espírito em momentos de desespero (se estiverem aflitos para cagar e não tiverem papel, por exemplo) e dar-vos valiosas dicas na compreensão de dois dos mais obscuros aspectos femininos... a cabeça e o cú!

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Elas!

Todos nós temos uma forma de classificar as mulheres. Tipo escala, ou pontuação de uma prova de patinagem... A maioria escolhe pelo tamanho das mamas, tipo: gaja-tábua, gaja com mamas pequenas, gaja com mamas médias, gaja com mamas grandes, gaja com umas tetas que parece uma vaca. Outros classificam por outros parâmetros. Mas há uma classificação que poderia ser comum, ou seja, qualquer gaja, por maiores ou menores atributos que possua, poderá ser classificável nela. Esta é muito simples e divide-se em 4 categorias:

Gajas feias que sabem que são feias

A base da classificação. Aquelas que parecem a irmã mais velha da Lucy, ou para sermos mais contemporâneos, parecem um dos ogres do Regresso do Rei. São aquelas tão feias, tão feias que nem se dão ao trabalho de por maquilhagem porque já sabem que não irá adiantar. E apesar de muitas serem das raparigas mais dóceis e simpáticas, têm uma tremenda dificuldade em arranjar outra coisa para além de amigos.

Gajas feias que pensam que são bonitas

Pertenceriam ao grupo anterior se não tivessem interiorizado que são muito giras, que são umas verdadeiras Manuelas do Monte (para quem não sabe, Manuela do Monte é aquela apetecível brasileira que faz de Luísa na New Wave. Aliás, fui recentemente criticado por ver esta novela brasileira em vez de defender o produto nacional. Mas que porra querem que faça se as brasileiras são muito mais giras, têm mamas melhores e são muito mais promíscuas novelisticamente que as meninas da ficção nacional? Admito que estamos a melhorar. Já há uma ou duas nos Morangos com Açúcar que eram capazes fazer mudar a coisa para Morangos com Natas... Bem, esta foi uma piada um pouco baixa, mas como o nível dos actores da novela também não é dos melhores...), e que, mais cedo ou mais tarde haverá um gajo todo bom (provavelmente cego ou com uma incapacidade visual de 99%) que as pedirá em namoro.

Gajas bonitas que pensam que são feias

As mais sensíveis ao ataque do típico predador masculino. Aquelas que se fartam de dizer "Sou gorda, sou feia, ninguém gosta de mim...". Insuspeitas quanto a uma possível avaliação por outrém, ficam geralmente caidinhas por nós quando lhes dizemos que são lindas. Receando que sejamos os únicos a partilhar daquela opinião, cedem geralmente à tentação de aceitar sem pestanejar qualquer pedido de namoro, ou até menos que isso, só para terem um incremento na sua auto-estima.

Gajas bonitas que sabem que são bonitas

Podem ser de dois sub-tipos:
Convencidas
Despreocupadas

As convencidas são o pior tipo existente. Apenas sucumbem a um gajo do estilo beto, cheio de dinheiro, que apenas veste roupas de marca e que vai para as aulas de descapotável ou carro acima dos 25 mil euros. Usam frequentemente argolas que davam para um condor dos andes (para os menos informados, ave que vive nas encostas dos andes, possuindo a maior envergadura de asas, a qual pode atingir os 3 metros e meio), vestem camisolinhas de marca, geralmente às riscas, a rimar com as camisolas dos namorados e, ou usam calças à boca de sino, ou optam por aquelas mini mini-saias que parecem um cachecol ou um cinto. Apesar de possuírem umas pernas e um rabo bastante delineados (provavelmente à custa de umas "marteladas" para ir ao sítio), um corpo relativamente curvilíneo, geralmente cabelo loiro pintado ou em madeixas, possuem também uma cavidade craniana bastante espaçosa devido à total ausência de cérebro que se manifesta essencialmente quando abrem a boca para outras coisas que não o fellatio.

As despreocupadas são aquelas que qualquer homem desejaria ter. Bonitas, vestem como as pessoas normais, são inteligentes e capazes de manter uma conversa coerente por mais do que 30 segundos como é apanágio das convencidas. O maior problema das representantes deste grupo é a concorrência existente entre os homens por elas. Disputadas por muitos, aquelas que ainda se encontram disponíveis são capazes de resistir à pressão da sociedade, não indo pelo caminho das anteriores. Sabendo das armas que dispõem, são capazes de esperar por aquele que pensam ser o homem certo.

Sabendo isto, o que escolheria a maioria dos homens?

A GAJA COM AS MAMAS MELHORES!!!!

O dia em que o rei fez anos!

A pedido de muitas famílias, e visto que tenho uns minutinhos, venho fazer mais uma entrada nesta parafernália de ideias e sensações em que se tem vindo a tornar o meu blog.

O dia em que o rei fez anos

Pois é... aqui o vosso amigo fez anos! 25 aninhos, mais concretamente! Um quarto de século de uma feliz existência que foi comemorado a preceito e a dobrar. E em cuja celebração recebi a prenda que mais aguardava... que por acaso é aquela em que estou a escrever este blog... um lindo computador portátil!
Não posso deixar de agradecer aos meus pais e avós, que apesar de eu não ser o filho/neto mais exemplar, sempre estiveram ao meu lado, me apoiaram e me deram todos os meios para me tornar aquilo que sou actualmente... um lindo mestrando!
Tenho também que agradecer aos meus amigos. A todos aqueles a quem tenho recorrido ao longo destes anos para partilhar as alegrias e atenuar as mágoas. A todos eles, muito obrigado!

To climax or not to climax

Orgasmo. Cada vez que ouço esta palavra, não consigo tirar da ideia uma cena do filme "When Harry met Sally" em que a Meg Ryan simula um orgasmo no meio de um restaurante. Eu pergunto-me (e também a quem me souber responder!), será que isso é mesmo possível? Será que uma mulher consegue fingir assim tão bem? Sinceramente, não sei...
Mas a que propósito vem esta conversa? Pois é...a questão é melindrosa! Comecemos por uma breve introdução (ao assunto, e não a qualquer outro tipo de coisa... essa vem mais à frente!).
Todos nós, em alguma parte da vida, trocámos mensagens, emails, tivemos conversas, de cariz marcadamente sexual (Bem, todos talvez não... Pelo menos alguns? Um ou dois? Espero que alguém, porque não quero ficar a pensar que sou um tarado!). Eu admito que já troquei umas mensagens (vulgo SMS) com algumas moças acerca do assunto, mas nada me podia preparar para o que me aconteceu ontem...

Dr Jeckyl e Mr Hyde

Tinha eu acabado de ter uma conversa com uma grande amiga minha, tal como faço todos os dias, e que decorrem sempre num clima muito alegre (que remédio, eu gosto dela...), quando recebo uma sms de uma rapariga que não conheço pessoalmente, apenas de contactos na net e via mensagem escrita. Após ter respondido à mensagem, a conversa acabou por enveredar por maus caminhos até que a menina decide-me ligar. Inocentemente, decidi atender (afinal, que poderia suceder de estranho? Tudo!!!!). A conversa até decorria normalmente (durante os primeiros 2 minutos, talvez...) até que a menina se sai com a seguinte frase, e passo a citar, "estou com a ratinha toda húmida"! Ora, que tipo de reacção pode um gajo ter quando uma rapariga lhe diz uma coisa destas? Eu pensei em várias coisas:
1ª- Desligar o telemóvel
Seria uma opção possível, mas parecia-me um pouco de falta de educação estar a desligar o telemóvel na cara da pobre rapariga;
2ª- Mudar de assunto
Falar do tempo, das aulas, etc... Mas acho que isso não são conversas para se ter à 1:30 da manhã;
3ª- Perguntar-lhe porquê
Pareceu-me a opção mais acertada. Afinal, ela podia estar a falar de um qualquer roedor que tinha como animal de estimação... Mas não estava! Ultrapassado esse passo, a menina não tem mais nada, decide masturbar-se enquanto falava ao telemóvel. Como rapazinho inocente e ingénuo que sou, fiquei... curioso... com tal atitude, ao que decido perguntar o que ela estava a fazer, respondendo ela detalhadamente (só faltava imagem, porque o som parecia dolby surround!) em frases entrecortadas com uns ahs e uhs, que foram aumentando de frequência com a duração da conversa. Até que mais para a frente, ela já só emitia sons desconexos, terminando com um longo gemido que faria qualquer estrela porno corar! Teria ela atingido o orgasmo? Ela disse que sim, mas como não estava lá, não posso confirmar nem desmentir... mas que pareceu, pareceu!
Agora pergunto-me... que prazer poderá a rapariga tirar de uma conversa deste tipo? Pelos vistos muito! Será que ela tem uma forma precoce daquela doença neurodegenerativa que torna as pessoas desinibidas? Talvez, visto que o passo seguinte dela parece ser encontrar-se comigo... só espero que ela decida ser desinibida num local privado, pois eu não sou o Billy Crystal nem a minha vida é um filme... embora às vezes pareça!

sábado, janeiro 03, 2004

Ano Novo, Vida Velha!

Todos esperamos que a passagem de ano seja como que uma miraculosa porta para a "twilight zone". De passas na mão, olhamos ansiosos para um qualquer canal de televisão, esperando os números mágicos que, quais números do totoloto, possam mudar a nossa vida de um momento para o outro. 10! 9!...3! 2! 1!!!!!!!! E num passe de mágica, todas as coisas más que ocorreram no ano transacto, todas as desilusões, todo o sofrimento, o desespero, a angústia que sentimos nos anteriores 365 (ou 66) dias, simplesmente Pufffffff! Desapareciam sem deixar rasto, ficando apenas as memórias boas.
Infelizmente isso é apenas um sonho, uma ilusão... a passagem de ano é apenas mais uma passagem de um dia para o outro, com a única diferença que muda o calendário e que no dia seguinte é feriado.
Apesar disso, desde há 2 anos para cá que as minhas passagens de ano se têm revelado verdadeiras caixinhas de surpresas! Só que têm sido caixinhas envenenadas, cheias de amargura, desespero e ressentimento, que têm convertido os dias seguintes num verdadeiro inferno.
Como recordo as passagens de ano, em casa, com os meus pais e avós... Na altura desejava estar noutros sítios quaisquer, mas cada vez mais confirmo que eram as melhores que eu tinha! O ano passado, como foi só a noite de 31 para 1, a coisa ainda se passou. Assim que chegou ao dia 1 de manhã, foi só pegar no carro, abalar para casa, almoçar o leitãozinho com a família e esquecer (tentar esquecer!) todas as merdas que se passaram nessa noite!
Mas este ano, foi demais! Foram 6 dias em que me passou de tudo pela cabeça! Até pegar no carro e vir-me embora! Mas não estava aqui a 2 passos, estava a 600km e tinha assumido a responsabilidade de transportar 2 pessoas! Como é que conseguimos ter uma passagem de ano completamente fodida por uma pessoa quando estamos incluídos num grupo de mais 7 que até são porreiras? Nunca cheguei a um ponto de desespero como na noite de ano novo. Para quem não bebe mais que uma bebidazinha de vez em quando, e mesmo assim demora a vazar o copo, a ideia de apanhar uma tosga pareceu-me a certo ponto um paraíso. Apoiava-me no célebre "beber para esquecer"! Mas não sou forte a esse ponto. O meu sentido de razão (ou será a minha inata cobardia) fez-me ver que eu ainda tinha que conduzir e que para além disso, beber não leva a nada.
Assim, só me restou suportar herculeamente, sem dar a perceber, todo o sofrimento de mais 2 dias a ver a pessoa que amo agarrada a outro rapaz, que ainda por cima já foi namorado dela (e que está na cara e na atitude dele que ainda gosta dela).
Mas o tormento ainda não acabou! Já que estou na merda, que mal faz afundar-me ainda mais? Afinal, acho que estou quase no fundo do poço, pelo que depois é sempre a subir! Sendo assim, decidi forçar uma conversa para hoje, e que pelo tom com que ela falou, vai ser muito pouco agradável para mim. Sei que posso sucumbir ao facto de gostar muito dela, mas foda-se, tenho o meu orgulho!
Não temo a conversa, temo as suas consequências! É que estou a poucos dias de começar com as aulas de mestrado e uma ruptura neste momento vai-me afectar bastante! Mas também, se aguentei uma situação destas no ano passado, também aguento este ano!
Há que ter esperança que este ano comece igual ao anterior, mas acabe diferente!