quinta-feira, dezembro 16, 2004

CUIDADO!

Atenção, mais um golpe concebido pelo mundo do CRIME ORGANIZADO!

Este golpe está a ser aplicado em vários Centros Comerciais do nosso país.

Um amigo, passeava pelo Colombo, quando foi abordado por duas maravilhosas loiras, na faixa dos 20 anos, queimadíssimas de sol, ambas trajando vestidinhos Versace, curtos e semi-transparentes, extremamente decotados. As moças apresentaram-se como representantes de uma multinacional de cosméticos e convidaram o rapaz para participar numa pesquisa. Sem desconfiar de nada, o rapaz aceitou.
Elas então levaram-no até à porta principal do centro, onde uma limusina os aguardava. Disseram que a pesquisa seria feita noutro local, mais tranquilo. Levaram então o inocente rapaz para uma enorme mansão. Lá chegando, foram recebidos por duas morenas maravilhosas, bronzeadissimas de sol, também trajando vestidinhos Versace, curtos e transparentes extremamente decotados. Estas moças ofereceram ao rapaz o que parecia ser um refrigerante, numa taça de cristal, e encaminharam-no para um dos quartos da casa, onde seria feita a pesquisa. O quarto tinha uma cama king-size e foi ali que o seu pesadelo começou!
De repente, as quatro moças deixaram cair seus minúsculos vestidinhos Versace e, totalmente nuas, pularam para cima do rapaz, rasgando a sua roupa toda. Ele tentou reagir, mas aquele líquido, supostamente um refrigerante, tinha-o deixado zonzo. Entre os lençóis brancos de cetim, o rapaz foi usado sexualmente pelas quatro meninas.
Mas, o pesadelo tinha apenas começado. Elas levaram-no para uma enorme banheira de hidromassagem, onde as sevícias recomeçaram. Depois, foi arrastado para um enorme salão de jogos, onde abusaram dele sobre uma enorme mesa de bilhar.
Na cozinha, teve seu corpo completamente lambuzado de licor Amaretto. Uma após outra, aquelas quatro "abelhas" ninfomaníacas atacaram-no, sem trégua, lambendo centímetro a centímetro o seu corpo. Quando percebiam que o rapaz recobrava a consciência, faziam-no beber mais daquele misterioso líquido, e continuavam a usar e a abusar. No final da tarde, completamente exausto, ele já não reagia aos ataques. Elas arrastaram-no então para fora da enorme mansão, e atiraram com ele para dentro de um enorme jeep Land Rover.
Enquanto estava sendo arrastado, pode ver o rótulo da garrafa do líquido misterioso e, pasme, o suposto licor era na verdade: CHAMPANHE FRANCÊS "VEUVE-CLIQUOT"!!! Minutos depois, o jeep deixou o rapaz numa praça, perto da sua casa. Completamente arrasado, e sem forças, o desgraçado arrastou-se pelas ruas do bairro, até atingir a segurança do lar, onde a sua esposa o aguardava. O rapaz chorava convulsivamente. Ele sentia-se envergonhado, e arrasado, mas pelo menos estava vivo e de volta ao lar.
Lembrou-se então que só suportou toda aquela barbárie porque, durante os momentos mais difíceis, só tinha na cabeça a Imagem de sua adorada esposa, como a vira pela manhã:
Vestindo aquele velho baby doll das Lojas Marisa, os seios murchos transparecendo através da camiseta, das pernas cheias de varizes (que ele dizia, carinhosamente, serem o "mapa do amor", da delicadeza dos seus 85 quilos, bem distribuídos em seus 1,56m de altura. Pequena grande mulher!

Portanto, muito cuidado com este golpe!

Mulheres contem esta história aos vossos maridos, pois se eles forem avisados a tempo, eles nunca aceitarão o convite dessa gente malvada!!!

Um grande abraço
(não posso escrever mais porque vou a caminho do Colombo...)

segunda-feira, novembro 22, 2004

O que é ser informático...

- Trabalhar em horários estranhos (como as putas)
- Pagarem-nos para fazer o cliente feliz (como as putas)
- O cliente às vezes até paga muito, mas o nosso patrão fica com quase tudo (como as putas)
- O nosso trabalho vai sempre além do expediente (como as putas)
- Somos recompensados por realizar as ideias do cliente (como as putas)
- Os nossos amigos distanciam-se e só andamos com outros iguais a nós (como as putas)
- Quando vamos ao encontro do cliente temos que estar sempre apresentáveis(como as putas)
- Mas quando voltamos parecemos saídos do Inferno (como as putas)
- O cliente quer sempre pagar menos e que façamos maravilha (como as putas)
- Quando nos perguntam em que é que trabalhamos, temos dificuldade em explicar (como as putas)
- Se as coisas dão errado é sempre culpa nossa (como as putas)
- Todo os dias ao acordar dizemos "NÃO VOU PASSAR O RESTO DA VIDA A FAZER ISTO" (como as putas)

quinta-feira, novembro 18, 2004

Freak out!!!

Ora aqui vai uma coisinha especial para os meus amiguinhos... um teste de distúrbios de personalidade.

O site é http://www.4degreez.com/misc/personality_disorder_test.mv

Para quem estiver interessado, aqui ficam os meus resultados. Espero para ver se os vossos são assim tão animadores...

DisorderRating
Paranoid:Low
Schizoid:Low
Schizotypal:Moderate
Antisocial:Low
Borderline:Low
Histrionic:High
Narcissistic:High
Avoidant:Low
Dependent:Low
Obsessive-Compulsive:Low



sábado, novembro 13, 2004

Empresices...

Numa empresa portuguesa, por causa das fotocópias, foi emitida a
seguinte circular:


Caros Colegas
Pede-se encarecidamente ao pessoal da Empresa, que no momento de
solicitar fotocópias aos colegas da Central de Cópias, o façam de
uma forma clara e objectiva, completando as frases que escreverem.
Acontece que os "post-it" adjuntos aos documentos por fotocopiar, e
os pedidos escritos, têm causado problemas a alguns dos nossos
companheiros de trabalho que nos fazem o favor de tirar as cópias,
chegando ao extremo de criar problemas conjugais.
Como exemplo, citamos algumas notas de "post-it" encontradas nos bolsos dos maridos:

- Por favor, João, depressa!... o gerente também está à espera!

- Daniel, faz-me como o fizeste da outra vez!

- Zé, dá-me duas, rapidinho!

- Pedro, pelos dois lados... e presta atenção que por trás tem que
ficar tudo.

- Por favor, Jorge, primeiro a mim, que estou aflita.

- Quando tirares, faz com que se veja o melhor possível.

- Pode ser sem pressa, mas que fique bem feito!

- Luís, urgente! Podes meter-me no meio sem que ninguém perceba e
fazer rapidinho?

- António, pode ser pela frente e por trás. Se não conseguires,
dá-me duas separadas.

- Então, Fernando, quando é que me fazes o trabalhinho? Estou a
ficar aflita.

sábado, novembro 06, 2004

OS 20 PIORES PIROPOS (e as 20 melhores respostas!)

1. Piropo: Como eu queria ser esse gelado!
Resposta: Além de ser fresco, queres ter o pau enfiado no rabo também?

2. Piropo: Se beleza desse cadeia apanharias prisão perpétua.
Resposta: Se fealdade fosse crime, apanharias a pena de morte.

3. Piropo: Tu éa linda demais, só tens um problema: a tua boca
está muito longe da minha!
Resposta: Questão de higiene.

4. Piropo: Qual é o caminho mais rápido para chegar ao teu
coração?
Resposta: Cirurgia plástica, lavagem cerebral e uns 3 meses de ginásio.

5. Piropo: Tu és a mais bela das flores, uma rosa. Queres
florescer no meu jardim ?
Resposta: Eu vou morrer de sede com o tamanho do teu regador.

6. Piropo: Eu não acreditava em amor à primeira vista. Mas quando
te vi mudei de ideias.
Resposta: Que coincidência! Eu não acreditava em assombrações.

7. Piropo: Tens uma boca! Deve ter um gostinho... Posso provar?
Resposta: Podes... (cospe no chão e vira as costas)

8. Piropo: Se tivesse uma mãe como tu, mamaria até os 30 anos.
Resposta: Se eu tivesse um filho como tu mandava-o para o circo!

9. Piropo: Meu Deus, não sabia que as bonecas andavam!
Resposta: E eu não sabia que os macacos falavam!

10. Piropo: Olá, o cachorrinho tem telefone?
Resposta: Tem, porquê? A tua mãe está com o cio?

11. Piropo: Este lugar está vago?
Resposta: Está, e este aqui onde estou também vai ficar se tu te
sentares aí.

12. Piropo: Então, o que fazes da vida?
Resposta: Eu sou travesti.

13. Piropo: Será que eu já não te vi em algum lugar?
Resposta: Claro! Eu sou a recepcionista da clínica de doenças
venéreas... não te lembras?

14. Piropo: Nós já não nos encontramos em algum sítio antes?
Resposta: Já e é exatamente por isso que eu não vou mais lá.

15. Piropo: Vamos para a tua casa ou para a minha?
Resposta: Os dois. Tu vais para a tua casa e eu vou para a minha.

16. Piropo: Eu queria ligar-te, qual é o teu telefone?
Resposta: Está na lista.
Réplica: Mas eu não sei o teu nome.
Tréplica: Também está na lista, na frente do telefone.

17. Piropo: Ora, vamos parar com isso, nós os dois estamos aqui
nesta discoteca pelo mesmo motivo.
Resposta: É, para engatar mulheres...

18. Piropo: Eu quero dar-me por completo a ti.
Resposta: Sinto muito, eu não aceito esmolas.

19. Piropo: Se eu pudesse ver-te nua, eu morreria feliz.
Resposta: Se eu pudesse ver-te nu, eu morreria de rir.

20. Piropo: Estás à procura de boa companhia?
Resposta: Estou, mas contigo por perto vai ficar muito mais difícil.

sexta-feira, novembro 05, 2004

ONU

A ONU resolveu fazer uma grande pesquisa mundial.
A pergunta era:

" Por favor, diga honestamente, qual a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo. "

O resultado foi desastroso:

Os europeus do Norte não entenderam o que é " escassez ".
Os africanos não sabiam o que era " alimentos ".
Os espanhóis não sabiam o significado de " por favor ".
Os norte-americanos perguntaram o significado de " o resto do mundo ". Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre " opinião".
O parlamento português ainda está a debater o que significa " diga honestamente "

segunda-feira, outubro 25, 2004

TRINTA coisas cruéis que uma mulher pode dizer a um homem nu

01. Já fumei charros mais grossos que isso.
02. Ahhhh, tão gira.
03. Era melhor ficarmos pelos beijinhos.
04. Sabes, há cirurgia correctiva para isso.
05. Fá-la dançar.
06. Posso pintar-lhe um smiley?
07. Uau, e os teus pés são tão grandes.
08. Não faz mal, podemos ser criativos.
09. E guincha se eu a apertar?
10. Oh não... Uma enxaqueca...
11. (risinho e apontar)
12. Posso ser sincera contigo?
13. Tão querido, trouxeste incenso.
14. Isto explica o teu carro.
15. Talvez cresça se o regarmos.
16. Por que me terão os deuses castigado?
17. Pelo menos isto não vai durar muito.
18. Nunca tinha visto um assim.
19. Mas funciona na mesma, certo?
20. Parece ter tão pouco uso...
21. Talves fique mais favorecida com luz natural.
22. E se passássemos já para os cigarros?
23. Estás com frio?
24. Se me embebedares a valer primeiro...
25. Isso é uma ilusão de óptica?
26. O que é isso?
27. Ainda bem que tens outros talentos.
28. E traz bomba de ar?
29. Boa! As roupas da minha Barbie servem-lhe!
30. Então é por isto que se devem avaliar os homens pela sua personalidade...

Sem comentários

domingo, outubro 10, 2004

Falta de Imaginação

I never saw a wild thing sorry for itself.
A small bird will drop frozen dead from a bough
Without ever having felt sorry for itself.

D.H. Lawrence

sábado, setembro 04, 2004

As seen in a cat's diary:

Day 183 of my captivity:

My captors continue to taunt me with bizarre little dangling objects.
They dine lavishly on fresh meat, while I am forced to eat dry cereal.
The only thing that keeps me going is the hope of escape, and the mild satisfaction I get from ruining the occasional piece of furniture. Tomorrow I may eat another house plant. Today my attempt to kill my captors by weaving around their feet while they were walking almost succeeded; must try this at the top of the stairs. In an attempt to disgust and repulse these vile oppressors, I once again induced myself to vomit on their favorite chair, must try this on their bed. Decapitated a mouse and brought them the headless body, in an attempt to make them aware of what I am capable of, and to try to strike fear into their hearts. They only cooed and condescended about what a good little cat I was. Hmmm, not working according to plan. There was some sort of gathering of their accomplices. I was placed in solitary confinement throughout the event. However, I could hear the noise and smell the food. More importantly, I overheard that my confinement was due to my power of "allergies." Must learn what this is and how to use it to my advantage. I am convinced the other captives are flunkies and maybe snitches. The dog is routinely released and seems more than happy to return. He is obviously a half-wit. The bird, on the other hand, has got to be aninformant, he speaks with them regularly. I am certain he reports my every move. Due to his current placement in the high metal room, his safety is assured. But I can wait, it is only a matter of time ....

Oh si, me gusta!

Tinha acabado de chegar ao Alentejo uma excursão de espanhóis.
Ao verem um alentejano, o guia diz para os passageiros:
- Ahora me voy a pelear con ese portugues...
E vai ter com o alentejano:
- Hola, como te llamas?
- António...
- Yo tambien me llamo Antonio! Qual es tu profession?
- Sou músico...- Yo tambiem soy musico... E que tocas?
- Toco trompete, e tu?
- Yo tambiem toco trompete. Una vez fue a la Festa de Nossa Señora e toqué tan bien, que la senhora desció del andor e empezó a llorar.
Acrescenta o alentejano:
- E eu fui uma vez à Festa do Senhor dos Passos e toquei tão bem que o Senhor largou a cruz e agarrou-se a mim e disse-me: "À gand'António, que ainda tocaste melhor que o c*brã* do espanhol, que fez chorar a minha mãezinha!"

sexta-feira, setembro 03, 2004

Noite

"Eu vivo
nos bairros escuros do mundo
sem luz nem vida.

Vou pelas ruas
às apalpadelas
encostado aos meus informes sonhos
tropeçando na escravidão
ao meu desejo de ser.

São bairros de escravos
mundos de miséria
bairros escuros.

Onde as vontades se diluíram
e os homens se confundiram
com as coisas.

Ando aos trambolhões
pelas ruas sem luz
desconhecidas
pejadas de mística e terror
de braço dado com fantasmas.

Também a noite é escura. "

Agostinho Neto

segunda-feira, agosto 02, 2004

O caçador

Vagueio lentamente por esta sombria cidade, de prédios cinzentos e soturnos. Arrastando-se pelas ruas, como zombies, vejo seres disformes, entregues aos seus próprios tormentos. Seres sem capacidade de decisão, sem ideias próprias, subjugados aos caprichos de um mestre que os comanda como se de meros fantoches se tratassem.
Subitamente, avisto-a ao longe. É ela, a minha presa. Aquela que eu tenho ávidamente procurado. Sigo-a por entre a multidão que passa, indiferente à minha passagem. Por vezes consigo aproximar-me dela, mas rapidamente ela se afasta, como que pressentindo a minha presença. De repente, deixo de a ver. Olho em redor, mas apenas consigo vislumbrar as silhuetas disformes daqueles autómatos humanos. Pergunto se a viram. Respondem-me “Não penses mais nisso. Junta-te a nós”. Afasto-os bruscamente. Se não fosse a pena que sinto em vê-los assim, metiam-me nojo!
Vejo uma porta aberta na imensa parede cinzenta de um prédio. Não imagino outro local por onde ela possa ter escapado. Decido entrar. Sigo por um corredor escuro e de intenso cheiro a mofo. Não vislumbro senão uma ténue claridade que passa por baixo das portas situadas de ambos os lados. Chego ao fim do corredor. Ouço uma voz aguda que diz “Mas, mas, mas... O meu patrão...” Subitamente, o som de algo a partir-se faz-me abrir de rompante essa porta. Entrando, vejo aquele pobre ser acéfalo, parado, sem reacção. Assim que me vê, vira-se para mim, e como se repetisse uma fita de gravador, pergunta: “Boa tarde, são dois casais?”. Pergunto por ela. Olhando para mim com uma expressão vazia, ele diz “Mas, mas, mas... O meu patrão...”. Virando costas, saio pela porta e dirijo-me de novo para a rua. Mas aquela reacção deixou-me intrigado. Escondendo-me numa pequena viela, decido ficar um pouco mais a observar aquela porta. De repente, vejo-a sair. Cautelosamente, vai olhando para ambos os lados, enquanto vai fechando a porta, que entretanto como que se dissolve na parede, restando nada mais que uma pequeníssima ranhura, indistinguível aos olhos dos restantes transeuntes, demasiado absortos em seu planeamento das tarefas diárias. Inquietada, a minha presa não imagina que a estava a observar. Retomo a perseguição, desta vez mais e mais próximo. Quando estou prestes a alcançá-la, oiço um ruído abafado e vejo-a cambalear. Segurando-a nos meus braços posso ver a marca na sua nuca, sinal que um outro caçador a apanhou antes mim. Dando um último suspiro, o seu corpo lentamente se transforma numa pequena nuvem branca de aroma intenso a flores. Vejo-a deslocar-se para o cimo de um prédio, onde avisto a silhueta do meu competidor. Aí, ela volta a materializar-se. A presa fica cativa do seu caçador. Ambos me acenam. Aceno de volta e sigo o meu caminho. Foi por pouco, penso. Mas haverá outras presas. O mundo está cheio delas e haverei de apanhar uma para mim.

sábado, julho 31, 2004

Caminhos cruzados

Nunca fui muito crente nessa coisa de horóscopos. Sempre achei que funcionam como os oráculos antigos ou as profecias do Michel de Nostredame, mais conhecido por Nostradamus. Cada um lê nelas aquilo que quer ler. No entanto, apesar de não acreditar, continuo a gostar sempre de ler o meu horóscopozinho nos jornais ou revistas, porque tal como o totoloto, às vezes até acabam por acertar.
Na linha dos horóscopos, encontra-se o tarot. Geralmente associado à Maya e afins tarólogas, o tarot consiste em cartas, cada uma com determinado significado, que conforme são escolhidas pelo sujeito em análise, servirão para dizer o seu futuro nos diversos campos da vida.
Ora no outro dia, durante um divertido exercício de visualizar o que cada um dos diferentes tipos de horóscopos determinava acerca das personalidades do grupo de amigos em que me encontrava inserido, havia também uma espécie de tarot virtual, em que se formulava uma questão, se escolhia 3 cartas e cada uma dessas cartas teria um determinado significado que teria que ser adaptado à pergunta em causa. Ora tal como seria de esperar, surgiram respostas completamente absurdas a perguntas extremamente directas. No entanto, por vezes ocorrem coisas que não são assim tão fáceis de explicar por parte de alguém cuja credulidade nesta matéria é diminuta.
Voltemos algumas horas atrás.
Diz-se que os sonhos são a forma do subconsciente libertar as tensões acumuladas durante o dia. Pois se é esse o objectivo, o meu falhou nessa noite (e na noite seguinte, mas isso será coisa a abordar mais à frente pois não entra no contexto). Para quem procura uma boa noite de sono, sonhar com pessoas e situações que só nos deixam mais abatidos não é o melhor. Na noite em questão tinha tido um sonho, que não sendo muito fora do comum, me havia deixado num estado de espírito não muito favorável. Tinha-me feito recordar coisas que teimo em não conseguir esquecer, e que por muito que me custe admitir, dificilmente o conseguirei.
Retornando ao tarot.
Decidi então experimentar colocar uma pergunta relativa algo e alguém interviniente nessa fantasia onírica. Para meu espanto, as 3 cartas que havia escolhido apontavam numa mesma direcção. E duas delas como que se referiam mais particularmente ao tipo de situação introduzido na questão que havia colocado. Agora, se a dúvida se instalou no meu espírito pelo facto de me encontrar mais susceptível à indução pelo que pudessem dizer as cartas, ou qualquer tipo de coincidência que tenha levado a que tenham saído justo aquelas 3 cartas, não posso conscientemente afirmá-lo. No entanto, esse facto apenas serviu para acentuar ainda mais a incerteza em que tenho vivido os últimos tempos.
Todos devemos arcar com as consequências dos nossos actos, por mais penosas e dolorosas que elas sejam. No entanto, ao tomar certo tipo de atitudes devemos sempre ponderar o que resultará delas, e mesmo achando que a curto prazo o seu resultado será melhor, a médio-longo prazo tal poderá não acontecer. E quando as coisas se começam a complicar, começamos a questionar se aquela decisão, uma de entre tantas que fazemos no dia-a-dia, cada qual orientando o rumo que seguimos, terá sido a mais correcta. Será mais simples sofrer-se de solidão só ou acompanhado?

domingo, julho 11, 2004

O campo (parte I)

Da varanda observo a vastidão que me rodeia. A norte, um espesso bosque de pinheiros-bravos desenha uma forte mancha verde na encosta da montanha. Local de refúgio para inúmeras espécies selvagens da região, é também paragem usual dos muitos turistas que visitam esta zona. A leste, corre o rio, com as suas águas límpidas e frescas, sempre repleto de peixes. Corre agora muito mais vagarosamente que há uns meses atrás, quando em plena época das chuvas galgou as margens. Vejo também a ponte que sobre ele construíram, marco histórico da época romana, fruto indispensável do progresso, já retratada em muitas histórias. Cinzenta escura, de granito, forte e resistente a qualquer intempérie, parece desafiar o rio cujas margens une. Para a direita, os pomares. Vastos campos de árvores de fruto. Pereiras, macieiras, cerejeiras, nogueiras, amendoeiras cobrem nesta altura do ano o chão com suas delicadas flores que o vento vai ajudando a espalhar. É primavera. Nos verdes campos em redor, há salpicos multicolores de flores silvestres. Ouço o alegre riso das crianças, vindo da parte traseira da casa, trazido pela suave brisa de Abril.
Decido descer. Fechando as janelas da varanda, olho para o meu acolhedor escritório. Os móveis em madeiras exóticas repletos de livros de todos os géneros, que fui recolhendo ao longo das minhas inúmeras viagens pelo estrangeiro e também alguns achados raros, feitos em alfarrabistas que não sabiam das preciosidades que guardavam, cobrem praticamente todo o espaço visível de parede. Num dos lados da divisão, a minha secretária, robusta mas ao mesmo tempo de ar delicado, sentado à qual passei incontáveis horas, a escrever numa velha máquina Remington do tempo da 2ª Guerra Mundial. Essa máquina encontra-se agora posta de parte, numa mesa mais pequena, como uma preciosa peça de museu. Sobre a secretária expõe-se agora, juntamente com as pilhas de papéis, uma parafernália de aparelhos de nova tecnologia: computador portátil, impressora, scanner, fax... exigências dos tempos que correm. No canto oposto, a minha confortável poltrona, onde me costumava acomodar para relaxar um pouco após horas e horas a fio de frenética escrita, e que serve para me sentar e contar as histórias ao meu miúdo mais novo antes de ele se ir deitar. Espalhados pelas estantes dispõem-se alguns dos mais fabulosos exemplares da colecção de conchas marinhas que recolhi quando me desloquei numa fantástica viagem pelos mares do sul. Espécimes raros, outros mais comuns, mas todos tratados com o mesmo esmero de quem limpa o mais frágil dos cristais.
Saindo para o corredor, passo em frente ao quarto. De decoração cuidada, tem uma cama de dossel com colunas em madeira trabalhada, uma extravagante mas requintada prenda de casamento enviada por um tio rico da Áustria, um enorme roupeiro em madeira, e uma cómoda. Na parede, de cor clara, encontram-se apenas um espelho antigo e dois ou três pequenos quadros. Os cortinados entreabertos pelo vento deixam ver uma varanda ainda mais ampla que a do escritório, com uma soberba vista sobre a área circundante à casa.
Desço calmamente a imponente escadaria cujos degraus se encontram cobertos por uma passadeira vermelha escura, que combina na perfeição com a decoração do átrio onde ela termina. ... Ele dá passagem à maioria das divisões inferiores da casa. Dirijo-me à cozinha. É uma ampla cozinha rústica, com uma grande chaminé empedrada e um velho fogão a lenha. Escondidas nos armários, para não quebrar o encanto rural deste espaço, encontram-se algumas das comodidades que existem em qualquer cozinha moderna como máquina de lavar louça e microondas. Espalhados pelas bancadas de granito polido espalham-se diversos tachos, vegetais, peças de caça, entre outros ingredientes das saborosas iguarias que a experimentada cozinheira se apressa a preparar. Sobre o lume crepitante do fogão, entre tachos e panelas mais pequenos, repousa uma grande panela de conteúdo borbulhante e aroma agradável, sinal de que a hora de almoço se aproxima.

segunda-feira, junho 14, 2004

Parabéns

- É amanhã, dizes mais uma vez.
Eu sei que é amanhã. Porque insistes em me lembrar disso. Eu, que tanto fiz para esquecer... Sim, eu sei que te tinha pedido que me avisasses. Mas tinha a secreta esperança de que não te lembrasses. Que deixasses passar, só me avisando quando já fosse muito tarde. Tarde demais para fazer alguma coisa...
Mas não. Tu tinhas mesmo que me lembrar. Para me fazer sentir ainda mais só, ainda mais magoado. Dizes que não devia estar tão preocupado com isso. Afinal, é apenas uma formalidade. Algo que todos fazem apenas por fazer. Não serei diferente de muitos outros.
Não gozes. Sabes que está na minha natureza este masoquismo. Sabes que gosto de sofrer por antecipação. Por coisas que se podem passar e não se passam, por coisas que se passam e não se deviam passar.
É amanhã. Não vai ser apenas mais um dia para mim. Para ti, será um dia especial. Cumpriste a tua missão. Mas depois de amanhã tudo terá passado. Voltar-me-ei a esquecer, até que me lembres de novo no próximo ano. Talvez aí já não me preocupe tanto. Talvez te ignore.

Mas já que fizeste tanto questão de me lembrar, então até amanhã!

sábado, junho 12, 2004

Marionete

Bate-me! Fere-me! Outra vez!
Já estou habituado a este tipo de dor... Às vezes penso que é só para isto que sirvo.
Sim, és má! Tanto quanto possas ser! E isso sempre foi uma grande parte de ti! Talvez eu nunca tenha sido o que tinhas planeado.
Mas em breve estarei morto... As minhas palavras nada mais serão que sombras na tua mente.
Sinto o meu sangue a entranhar-se na terra.
Tombo, inerte... Ganhaste!

terça-feira, junho 01, 2004

Amor e ódio

Odeio-te! Sempre te continuarei a odiar! Odeio a tua forma de ser e de estar! És mesquinha! Falsa! Dissimulada!Odeio tudo o que representas! Odeio a forma como mudas de opinião conforme te convém! És vil! Odeio a manipulação que fazes de todos os que te rodeiam e que para ti não são mais que meros fantoches que guardas numa caixa para usares quando precisas! Traiçoeira! Cruel! Odeio esse teu perfume enjoativo, esse cheiro que me queima as narinas! Dá-me vómitos! Odeio profundamente tudo o que tenha a ver contigo! Odeio esse teu estúpido orgulho! Odeio-te por te ter amado tanto! Odeio-te porque me amaste tanto! Odeio-te por nunca teres realmente sido o que foste! Já te odiava quando me fazias dizer aquilo que querias ouvir, só porque sabias que não podia dizer outra coisa! Porque te amava! Porque te odiava! Odeio-te por não conseguir passar um segundo sequer sem pensar em coisas que fazes e dizes e que me levam a odiar-te ainda mais! Odeio-te por isso! E odeio-me a mim, por te odiar!

domingo, maio 30, 2004

Se me amas

Se me amas
Se me queres
Não procures aquilo que
Não há em mim

Se me amas
Se me queres
Não me prendas
Sempre ao pé de ti

Se me amas
Se me queres
Não faças de mim palhaço
Não quero ser um fracasso
Nas tuas mãos

Já te disse toma cuidado
Que o amor quere-se bem passado
Quando chega a submissão
Quando chega a obrigação
Há por aí muitas damas
Se me amas

Se me amas
Se me queres
Não me faças nunca
Dizer que não

Se me amas se me queres
Não faças de mim palhaço
Não quero ser um fracasso
Nas tuas mãos...

Já te disse toma cuidado
Que o amor quere-se bem passado
Quando chega a submissão
Quando chega a obrigação
Há por aí muitas damas
Se me amas.

Xutos & Pontapés

sábado, maio 15, 2004

Foi como foi

Cá se passou mais uma Queima das Fitas. E tal como nos últimos anos, revelou-se uma desilusão completa. Não apenas pelo programa, pela organização ou pelos preços (os piores desde que venho a esta festa, diga-se), mas também pelo estado de espírito com que estava.
Desde que há 3 anos tive um forte ataque de uma "doença" terrível, que me tolheu o raciocínio e me deixou completamente indefeso e à sua mercê, que a minha forma de ver a Queima mudou. A duas Queimas absolutamente miseráveis, uma delas ainda piorada com uma discussão, seguiu-se uma Queima bastante mais calma, como que um pronúncio da tempestade que se seguiria.
Curado muito recentemente dessa doença, cheguei a esta Queima ainda com algumas sequelas, mas cheio de esperança de que o ambiente típico do evento, em conjunto com algumas janelas que no entretanto tinha visto abrirem-se, me servissem de terapia de substituição, ocupando o espaço que ficou vazio depois de me curar. Mas isso não aconteceu... E as músicas que se repetiram dos outros anos ecoaram por esse vazio, como que a chamar algo que o preenchesse... Senti falta da minha doença, admito-o! E também sei que me custará ver outro qualquer a padecer nas suas mãos. Mas sabia que ao separar-me dela terminei com as hipóteses de a voltar a ter...
Cheguei também à conclusão (e esta ja sei que dará para alguns comentários, mas que se lixe! Não tenho nada a provar a ninguém! E quem tiver dúvidas do que digo, que se arrisque a comprovar!) de que sou incapaz, ao contrário de inúmeros rapazes por aí, de me envolver com alguém por quem não me sinta minimamente atraído. Poderia te-lo tentado (hipóteses não me faltaram e convites muito menos), mas não consigo subverter aquele que é um dos meus princípios básicos.
Inicialmente dei por mim a pensar se tal comportamento não revelaria alguma falta de coragem. Não precisei matutar muito para ter a resposta. Não. Falta de coragem seria gostar de alguém e não ter a audácia de nos tentarmos envolver com essa pessoa, e como isso já me custou muitas oportunidades de ser feliz, prometi a mim mesmo não o repetir. Acho que é necessária uma grande dose de sangue frio, para que uma pessoa que se sente só, rejeitar embarcar em jogos de sedução com outra pessoa que declaradamente admite gostar dela. Não o farei. Já soube durante muito tempo o que é amar alguém sem se ser correspondido para querer sujeitar outra pessoa a esse tormento.
Prefiro esperar mais algum tempo, conhecer outras pessoas, conhecer melhor algumas e tentar não pensar muito no caso... Geralmente quando menos contamos é que as coisas acontecem!

sexta-feira, abril 30, 2004

Black out

E de repente, tudo se resume a uma imensa escuridão.
Incapazes de ver um palmo à frente do nariz, cambaleamos, como que atingidos por uma qualquer bala disparada à queima roupa. Tudo o que nos rodeia torna-se agora um obstáculo à nossa progressão. Qualquer atitude que tentemos tomar é condicionada por este breu que nos envolve, que inconscientemente nos tolhe os movimentos e nos torna seus prisioneiros. Com o passar dos dias vamo-nos acomodando a esta escravidão, às nódoas negras resultantes dos embates com os objectos que nos barram o caminho. Afinal, como nada vemos, os hematomas não se notam... só se sentem. Doem muito, mas aguentamos. Com o acumular das pancadas, começamos a perder a esperança. Sentimo-nos fracos para lutar contra este interminável véu de obscuridade.
Até que um dia vemos um pequenino ponto de luz. Como uma estrela solitária num céu de breu. Esta pequenina luzinha vai-nos iluminando suavemente, tirando-nos lentamente desta letargia a que nos haviamos votado. Conforme vamos novamente despertando para a vida, esta luzinha vai aumentando de tamanho, como que recompensando-nos pela atenção que lhe damos. Torna-se o sol da nossa vida. Finalmente voltamos a ver o mundo, como quem acorda de um pesadelo num quarto cheio de luz. Habituando-nos de novo à claridade, percebemos aquilo que perdemos quando estivemos na escuridão total. Mas na vida não há que ficarmos a lamentar-nos pelos erros cometidos. Há que sarar as feridas e avançar, partir em direcção à fabulosa claridade que se nos apresenta. E apesar de “Onde mais intensa é a luz, maiores são as sombras”, "se deres as costas à luz, nada mais verás além do que tua própria sombra..."

terça-feira, abril 06, 2004

Just a perfect day

10 da manhã.
O sol já passa por entre os buraquinhos da persiana e bate-me suavemente na face. Acordo lentamente. Olho para o lado e continuas a dormir como um anjo. Cuidadosamente, levanto-me e saio do quarto. Tomo um duche. Torno ao quarto, onde ainda te encontras deitada, mas já acordaste. Os teus olhinhos brilhantes, ainda meio ensonados, seguem lentamente o meu movimento. Os teus longos cabelos dispersam-se pela almofada como se eles mesmos fossem uma almofada.
Abro a janela. A luz inunda o quarto. Tu levantas-te da cama, qual Vénus de Botticelli, e diriges-te para mim, abraçando-me. Beijas-me prolongadamente os lábios e depois segues para a casa de banho. Aproveitando esta oportunidade, vou para a cozinha e preparo um lauto pequeno-almoço para dois que cuidadosamente coloco no tabuleiro. Pego nele e levo-o para o quarto, pousando-o sobre a cama. Entras no quarto. Deleito-me com o teu ar de espanto quando te apercebes da surpresa. Sentas-te a meu lado. Por entre doces beijos, a comida vai desaparecendo do tabuleiro até nada mais restar.
Vestimos roupas leves e dirigimo-nos para a praia. De mãos dadas, passeamos demoradamente à beira-mar, apenas parando para observar as nuvens e as frágeis andorinhas-do-mar que povoam a costa neste ponto. A fraca brisa marinha faz ondular gentilmente os teus cabelos. Suavemente beijo-te no pescoço ao mesmo tempo que me abraças com força. Continuamos o passeio que nos leva de volta a casa conversando desprendidamente sobre a vida e o mundo que nos rodeia.
Vou tomar um duche. A certa altura tu juntas-te a mim, e fazemos amor. Saímos do duche e ternamente enxugamos o corpo um do outro. Vestimo-nos e saimos para almoçar. Paramos num pequeno restaurante junto à falesia, com uma vista fabulosa do mar. Após as entradas, ambos escolhemos peixe grelhado. Está divinal. Para sobremesa, partilhamos cumplicemente um gelado.
Partimos rumo à cidade. As ruas encontram-se semi-desertas, o que as torna muito apetecíveis para um passeio. Passeando calmamente, vamos vendo as montras na marginal. A certa altura decidimos ir ao cinema. Sem discussão, optamos os dois por uma comédia romântica. Após o filme dissertamos levemente algumas das cenas enquanto passamos por mais algumas lojas. O sol vai baixando lentamente no horizonte, ganhando uma espectacular tonalidade vermelha-viva, cor de fogo, fazendo toda a cidade parecer em chamas... No mar vêem-se barcos à vela navegando calmamente, aproveitando a última claridade do dia.
Aproxima-se a hora de jantar. Voltamos a casa. Peço-te para ires fazer algumas compras ao pequeno supermercado da esquina. Quando regressas, a casa encontra-se na penumbra. As velas colocadas sobre a mesa emitem uma luz tremelicante que te guia até à sala de jantar, onde se encontra uma mesa posta para dois. No teu lugar, encontra-se uma rosa vermelha com um bilhete. Enquanto lês o bilhete as lágrimas começam a correr suavemente pela tua face. Olhando para mim, sorris. Dizes que sim, que aceitas, e corres para mim, abraçando-me como se o amanhã não existisse mais. Lentamente seco-te as lágrimas, beijando-te em seguida a testa, depois os olhos brilhantes, ainda húmidos do choro, e finalmente os teus lábios.
Trago o jantar que cuidadosamente preparei para nós. O jantar parece passar rápido, apesar de demorar horas. Conversamos, rimos, contamos histórias da nossa vida, e inventamos outras para nosso divertimento. É assim em tudo que há de bom na vida. Parece passar muito depressa. Mas teremos o resto dos nossos dias para aproveitar o que sentimos um pelo outro.
Sentamo-nos no sofá a ouvir música. Tu aninhas-te junto a mim, como um gato buscando o calor. Abraçada a mim, adormeces, extenuada com todas as emoções que tiveste num só dia. Com extremo cuidado, pego em ti e levo-te para a cama. Deitando-me a teu lado, abraço-te e adormeço pouco depois.

8 da manhã
Acordo. O despertador toca insistentemente. Olho em redor e encontro-me no meu pequeno quartinho. Ora bolas, foi tudo um sonho. Bem, tenho que me levantar para ir trabalhar. Afinal, it’s gonna be just another perfect day!

quarta-feira, março 24, 2004

Haverá amor sem amor?

Todos (assumo eu, generalizando um pouco as coisas) procuramos a nossa alma gémea. Aquela pessoa que seja ao mesmo tempo uma imagem de nós próprios e nos complete. Alguém capaz de nos conhecer de fio a pavio, que com um olhar nos leia os pensamentos e para quem não tenhamos quaisquer segredos. Que nos conheças as fraquezas e forças e mesmo assim goste de nós, por mais difícil que seja o nosso feitio. Uma pessoa com quem possamos partilhar todos os momentos de nossa vida. Com um bom bocado de sorte, talvez acabemos por descobrir essa pessoa que tornará o nosso mundo num verdadeiro país das maravilhas!
Mas as coisas não costumam ser assim tão lineares e o percurso torna-se uma corrida de obstáculos, funcionando a busca no sistema de tentativa e erro. E sabe-se que após cada um desses azares de percurso, a caminhada se torna mais penosa. Quando sabemos que encontrámos a pessoa certa? No meu primeiro post, por entre uma vastidão de pensamentos incoerentes e dolorosos, coloquei uma questão inversa: quando sabemos que amamos a pessoa errada?
Passado este tempo todo, ainda não encontrei uma resposta se não a seguinte: sabe-se e pronto!
No entanto, este meu post não tem por objectivo abordar nenhuma destas questões. Aquilo sobre que me proponho reflectir é se, conhecendo relativamente bem alguém e até admitindo haver uma certa empatia entre nós e a outra pessoa, será sensato tentar avançar para algo mais. Resumindo: poder-se-á namorar sem se estar avassaladoramente apaixonado, na esperança que o amor venha a surgir mais tarde?
Bem, fala-se bastante de algo chamado "amor à primeira vista". Não acredito que seja um mito. Acho que é possível estabelecermos logo uma empatia especial com alguém só através de um primeiro olhar. É um exagero chamarmos amor, mas fica melhor como expressão! Por outro lado temos as pessoas com quem convivemos e em quem ao início não reparamos, mas depois com o passar do tempo começamos a vê-las com outros olhos...
O primeiro caso até pode resultar numa relação a mais curto prazo. Esta vai decorrendo com a descoberta mútua das personalidades de ambos e com isso pode-se cimentar ou acabar num rotundo fracasso.
No segundo caso, o percurso é feito de forma diferente. As pessoas partem de uma base mais sólida. Grande parte do conhecimento já está feito, cumplicidades estabelecidas. No entanto, gera-se sempre uma maior confusão de sentimentos.
É como se no primeiro caso os namorados tentem descobrir como vir a ser amigos e no segundo ocorra o oposto.
Qual dos dois resultará melhor? Não sei ao certo... Espero poder responder a essa questão em breve.

"O amor é fodido"

"Nascemos todos com vontade de amar. Ser amado é secundário. Prejudica o amor que muitas vezes o antecede. Um amor não pode pertencer a duas pessoas, por muito que o queiramos. Cada um tem o amor que tem, fora dele. É esse afastamento que nos magoa, que nos põe doidos, sempre à procura do eco que não vem. Os que vêm são bem vindos, às vezes, mas não são os que queremos. Quando somos honestos, ou estamos apaixonados, é apenas um que se pretende. (...)
Viver é outra coisa. Amar e ser amado distrai-nos irremediavelmente. O amor apouca-se e perde-se quando se dá aos dias e às pessoas. Traduz-se e deixa de ser o que é. Só na solidão permanece.
Tenho o meu amor, como toda a gente, mas não o usei. Tenho também a minha história, mas não a contei."

in O Amor é Fodido
Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, março 22, 2004

A coisa das causas

Podia-vos pedir desculpa pela minha demorada ausência, mas também, um dos privilégios de ser autor de um blog é não ter que prestar contas a ninguém, excepto a mim mesmo...
Acho que uma das Leis de Murphy postula que se alguma coisa tem uma possibilidade, ainda que ínfima de correr mal, ela efectivamente vai correr mal. Quando uma coisa começa a correr mal, não há outras que lhe queiram ficar atrás! E se a causa de todo este tumulto é uma mulher, ainda as coisas se tornam mais difíceis.
É neste momento que uma mudança de prioridades se torna mais adequada. Geralmente o trabalho é o escape mais proveitoso porque ao dirigirmos para ele grande parte das nossas energias, conseguimos uma maior rentabilização. E se para além disso o trabalho for realizado num ambiente saudável, rodeado de colegas (femininas) simpáticas, bonitas e inteligentes, e de colegas (masculinos) espirituosos, companheiros e cúmplices, a coisa torna-se bem mais fácil.
Não se pode, mesmo com todas estas atenuantes, apagar um pedaço da nossa memória de um momento para o outro. Há que tentar criar novas memórias e fazê-las difundir para o local das outras, substituindo a sua maior parte. Isso é que se torna mais complicado.
A busca incessável dos homens (verdadeira caça aos gambuzinos) por uma mulher com quem partilhar a vida (ou pelo menos parte dela) torna-se neste momento uma descoberta constante. Uma busca também de si mesmo, de coisas há muito perdidas ou escondidas no fundo de gavetas da nossa personalidade. Finalmente abrimos os olhos e começamos, qual Vasco da Gama, a descobrir o mundo em nossa volta e que durante tanto tempo nos esteve vedado, não por qualquer proibição alheia, mas sim por uma auto-constrição que nos fez centrar numa só pessoa. Enfim, o gatinho fugidio torna-se um audaz tigre.
Qual o sentido de ficar parado à espera que o destino se encarregue de nos trazer alguém que possa ocupar esse lugar? Quanto mais tempo mantermos o lugar vago, mais ansiosa se torna a busca e mais riscos corremos de acabar com alguém apenas por medo de ficarmos sozinhos. A solução também não é entrarmos de olhos fechados numa nova relação apenas para “tapar o buraco”. É claro que o fornicanço ocasional é uma prática corrente, mas não acho que um relacionamento estável se possa basear apenas nisso (ou será que pode?). Há que saber procurar, indagar da disponibilidade, despertar o interesse e saber mostrar-nos como somos, sem subterfúgios. Há que ter a esperança de que pelo menos uma mulher nesta santa terrinha esteja interessada em nós! E que mais cedo ou mais tarde havemos de a encontrar!

Termino com uma frase que, englobada neste espírito de empatia, demostra uma profunda esperança no futuro: “Se ainda não encontraste a pessoa certa, continua a curtir com a errada.”!

segunda-feira, março 08, 2004

Adeus

Paramos no cimo da ponte. A vista é fenomenal! Ao longe o sol vai descendo por trás das montanhas, enorme e vermelho-vivo, cor de fogo. Mais abaixo vemos o rio, serpenteando e correndo rapidamente por entre as rochas. A paisagem inspira-me e sinto-me bem. Queria partilhar este momento contigo para o resto da vida. Mas tu não estás para aí virada. Não te queres prender a mim como eu pretendo. Gracejo que se não ficas comigo me atiro da ponte... Tu dizes para me deixar de parvoíces. Salto para o bordo da ponte, apenas seguro por uma mão. Começas a ficar aflita. Pedes que volte para o tabuleiro. Penso que finalmente viste que sem mim não consegues viver. Volto para trás. Também não saltava... Tenho medo de ficar longe de ti, de me afastar e depois não te conseguir recuperar, se é que alguma vez te tive! Abraço-me a ti. Tento-te beijar, mas viras a cara. Como estava enganado. Apenas querias que voltasse porque te dá jeito um escravo particular; alguém que por te amar tanto te faz as vontades todas e nem reclama quando o afastas. Apenas me pediste para voltar porque achas que não ficas bem de preto e por isso não te apetece vestir assim por teres de ir ao meu funeral! Estou farto! Farto desta vida de merda, de me sujeitar a tudo o que queres e de dizer que sim a todas as tuas barbaridades. De fingir que acho graça às tuas piadas, de suportar o teu mau feitio e a tua mania de que todos são injustos para contigo! Afasto-te. Chega! Tentas-me agarrar mas eu não te deixo. Adeus! Começo a correr para o bordo da ponte. Num movimento perfeito apoio o pé no limite e salto. Ao mesmo tempo que dou o último impulso olho para baixo. O rio corre lá em baixo, longe, com um estranho brilho vermelho do sol, vermelho de sangue. Toda a minha vida contigo descorre-me rapidamente pela cabeça. Todos os bons momentos que vivemos juntos. Amava-te tanto! Mas depois começo a ver no que a minha vida se estava a tornar. Tinha-me tornado em mais uma figura desse jogo que tanto adoras. Mais um boneco que controlavas à tua vontade. Isso estava-me a deixar à beira da loucura! Prefiro morrer a tornar-me num autómato! Quando já estou em queda livre, começo-me a sentir leve, mais leve que nunca. Será que morri e não me apercebi disso? Terei sofrido um ataque cardíaco? Não. Apenas tirei um grande peso da consciência. Sinto-me como um passarinho que fugiu da gaiola e agora voa livre pelos céus. Vejo-te em cima da ponte, num misto de raiva e desespero, sentindo que me perdeste e que provavelmente não me voltarás a recuperar. Será que alguma vez te apercebeste que o teu futuro estava ali, naquele pobre mortal que te tratava como uma deusa? Não creio. Haverá vezes em que sentirei falta dos teus carinhos, de estar contigo, de tudo o que partilhámos? Claro que sim, mas o tempo ajudar-me-à a esquecer, penso eu enquanto flutuo para longe, bem longe... Será que me voltarão a prender?

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

O casino

Anoitece. Vou novamente ao casino. Já me conhecem à entrada. Pudera! Passo cá todas as noites, como todos os outros viciados na vida. Mas este é um casino especial. Não tem slot machines nem mesas de poker. Não tem blackjack nem dados. Apenas tem uma roleta. Mas não é como as outras roletas. Esta tem biliões de números em que podemos apostar. E ganhar! Ou perder! Já ganhei algumas vezes, mas também já perdi muitas mais! Entremos na sala...
Todos se concentram em redor da roleta. Fico um pouco a observar os outros jogadores. A sua expressão de desespero ao perderem, os suspiros de alívio quando ganham. De repente, vejo uma figura que se destaca na multidão. Um homem. Bem vestido. Elegante. De boa aparência. Ele também me vê. Chama-me para junto da mesa. Vou ter com ele. Afinal, estou aqui para jogar...
Começo a jogar. Ele sugere-me um número. Decido apostar nesse número. A roleta gira, gira, gira... Lentamente vai parando. Parou. Saiu o meu número. Ganhei! Continuo a jogar. Ele sugere novo número. Aceito novamente a sugestão dele. A roleta gira de novo... Parou. Perdi! Paciência, não se pode ganhar sempre. Vou jogando com os números que ele me vai dizendo... Continuo a perder! Começo a ficar desesperado! Nada mais tenho para jogar! Já perdi tudo! Amigos, família, emprego, casa... Tudo isso apostei e perdi nesta roleta! Nada mais me resta! Nada? Não é bem assim... ainda tenho a minha alma... Posso sempre apostá-la! De que me serve a alma se nada mais tenho? Vou jogar a minha alma nesta maldita roleta! Vou para apostar num número quando uma mão feminina me trava. Olho para a mulher. É a mulher mais bela que seria possível imaginar. Ela pede-me para que a deixe escolher o número em que vou apostar. Hesito... Ela insiste. Olho-a nos olhos. Vou aceitar o pedido dela. Aposto. A roleta gira, gira, gira... cada volta dela demora uma eternidade, até que lentamente vai parando, muito lentamente, parecendo troçar do meu estado de nervos... Um suor gélido escorre-me pela testa... Finalmente ela para. Falta-me coragem para olhar para lá e ver o número. A medo espreito... Calhou o número em que apostei! Recuperei tudo o que tinha perdido! Suspiro de alívio. Limpo o suor. Quando me viro para agradecer à mulher, ela desapareceu! E o homem que inicialmente me acompanhara também... Olho em volta, mas não os vejo... Percorro a sala até que finalmente os descubro... Encontram-se os dois do outro lado da mesa, acompanhando um novo jogador. Pergunto a um dos apostadores se os conhece. Ele diz-me que sim. Que são os donos do casino. Pergunto-lhe como se chamam. Ele, chama-se Azar, e ela chama-se Sorte, diz-me o pobre coitado que acaba de perder mais uma vez. A Sorte e o Azar! Agora compreendo o que sucedeu... Estamos tantas vezes sujeitos aos desígnios do Azar que quando a Sorte nos aparece temos dificuldade em acreditar nela. Felizmente, desta vez a Sorte protegeu-me. Eles olham para mim e sorriem. Retribuo-lhes o sorriso e vou-me embora.
Vou para casa. Mas amanhã estarei de volta. Para ganhar ou perder. Porque este é um vício do qual não me consigo libertar. Um vício para o qual só há uma cura: a Morte!

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Só!
Sinto-me Só!
Roubaste-me o calor desse teu corpo
O toque das tuas mãos, o teu sorriso
A doçura dos teus lábios, meu suave porto
O brilho do teu olhar, sem um aviso!

Só!
Continuo Só!
Trancado nesta cela de convento
Vivendo num mundo sem esperança
Aproveitando como um louco todo o momento
Que me traga de ti só uma lembrança!

Só!
Estou Só!
Mas contigo para sempre anseio estar
E mais só do que nunca estarei contigo
A sofrida solidão de um triste amigo
Que um dia mais nada quis que te amar!

domingo, fevereiro 01, 2004

Não sei!

Sinceramente, não sei sobre que deva escrever hoje... Acho que vou abordar uma notícia que vi há cerca de uma hora no telejornal e que versava o tema da infertilidade masculina.
Uma equipa de cientistas está a estudar uma forma de combater a infertilidade masculina. Pelo que depreendi da notícia, o método baseia-se essencialmente na crioconservação de células que posteriormente, quando for necessário, serão descongeladas e estimuladas a converterem-se em espermatozóides. Ora, como o processo de crioconservação é bastante dispendioso, eu atrever-me-ia a fazer uma sugestão: e se a malta fizesse uma conservação mais caseirinha e económica? As cuvettes do congelador são baratas! É claro que há sempre o risco de alguém colocar um cubinho na bebida (será que isso poderia ser considerado sexo oral?), mas se colocarmos uma etiqueta com o nome e a data da "colheita", já não há risco de erros! Quando for preciso descongelar o frigorífico, podemos sempre pedir a alguma vizinha mais simpática para nos guardar o esperma por uns dias!

Meus amigos, o futuro da investigação sobre infertilidade está nas vossas mãos! (espero que as limpem antes de vos cumprimentar!)

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Vivo ou morto

Vivo
Para sentir o sol que me aquece
Para passear pelos dourados campos de trigo
Para ser gentilmente levado pela brisa
Para ouvir o marulhar das ondas ao embaterem nas rochas
Para escutar os conselhos dos anciãos
Para partilhar os bons momentos com os que me rodeiam
Para sentir o doce gosto de um beijo
Para saber o que é amar, sem restrições
Ou será que apenas existo
Para me afundar num mar de amargura
Para ser rejeitado e escorraçado como um cão
Para me perder em contínuas e fúteis ilusões
Para estragar tudo aquilo em que toco
Para ser sempre enganado pelos outros
Para sentir desejos mórbidos de vingança
Para me ouvir a mim mesmo gritar "Cobarde!"
Para sentir que mais valia estar
Morto

terça-feira, janeiro 27, 2004

Miki Fehér

"A morte do artista

Entrou no palco com um sorriso na boca e o cabelo a voar, deslizou até ao centro e tomou o lugar que lhe competia. Rodeado pelos outros, sentia-se bem, sentia-se o centro do mundo, que era como se sentia sempre antes de entrar em acção. Aquilo era a sua vida, o seu sonho, tudo o que sempre desejara desde que se lembrava de ter tino, corpo, mãos, pernas, pés, ossos, músculos.

Uma máquina em sintonia perfeita, da qual ele tratava como se fosse um cavalo de corrida, dos que valem milhões de dólares. Ele também valia, ou melhor, valeria, se tudo corresse bem, se fosse tão bom que fosse o melhor, o mais bem pago. A ideia abria-lhe na boca um sorriso maior, como se estar ali naquele lugar àquela hora fosse uma espécie de destino cumprido, com a brisa morna da noite a varrer-lhe os cabelos e a confiança de oiro a reluzir.

A entrada no palco era o momento, o ronco atento do público, a respiração parada da multidão antes do ataque, a agressão controlada ao adversário, a deixa certa, a ocupação do tempo e do espaço como processos absolutos, obedecendo a leis tão destruidoras e tão caprichosas como a lei da natureza. Aquilo começou, era a hora. A multidão levantou-se e deu a ordem da batalha.

O suor caía-lhe pela pele, um visco quente que o aquecia mais, cada vez mais, como se estivesse a arder, como se fosse um gladiador dentro do circo. As mãos tinham deixado de existir excepto para agarrar, tactear, impedir o outro, impedir o intruso entre ele e a sua hora, o seu milésimo de segundo, aquele milésimo de segundo que decide quem ganha e quem perde.

Naquele palco ou se perde ou se ganha, não há segundos nem terceiros, não há medalhas de prata nem bronze. A multidão estava de pé, exaltada, esgotada, molhada ela também de suor e delírio, e no palco ele corria como um animal na selva buscando a presa, perseguindo-a até levá-la a fazer o que não queria, entrar na ratoeira.

Cada vez que a presa caía na ratoeira, a multidão levantava-se e roncava a vitória de um dos grupos, e tinha de ser o dele, era para isso que vivia, para vencer.

De repente, sentiu o coração a explodir, o corpo a vaguear, a fugir-lhe como se não lhe pertencesse. Sorriu uma derradeira vez e caiu no chão como uma árvore derrubada, um árvore que ainda não parara de crescer.

A multidão estava sobre ele, abraçava-o, chorava-o, dava-lhe socos no peito parado, gritava com ele para ele viver. Ele já não os ouvia, os seus fãs, o seu público. A sua vida. O coração despedaçado recusou continuar, fez-se um grande silêncio de choro suspenso, e o jogo de futebol acabou ali.

No instante de glória em que o gladiador tombara na arena antes do tempo. A bola, presa abandonada, rolou para o canto e deixou-se ficar imóvel, uma coisa chorando a morte do homem que lhe dera tantos pontapés. Tantos pontapés.

Morreu como os toureiros, disseram depois. Morte de artista."

Clara Ferreira Alves in Record

sexta-feira, janeiro 23, 2004

M. R. S.

Hoje apetece-me ter uma tirada à professor Marcelo Rebelo de Sousa. Vou sugerir dois livros.
Em primeiro lugar, temos uma fabulosa epopeia sobre uma das coisas que mais nos fascinam: o rabo! "O cú através dos tempos" traz-nos um vasto fresco cusal, da origem dos tempos até aos nossos dias. É uma obra que se lê com um deleite acrescido, nomeadamente para os apreciadores de um bom glúteo.
Em segundo, um livro que alguns já poderão ter folheado nos expositores de algum centro comercial, é uma obra que encerra em si um conteúdo deveras surpreendente. "Guia para ficar a perceber ainda menos sobre as mulheres" é um livrinho pequeno em volume, mas que possui uma vasta panóplia de conselhos extraordinariamente úteis ao homem dos dias de hoje que tem por anseio arranjar uma cara-metade. Repleto de úteis conselhos e reveladoras explicações, este guia é um valoroso auxiliar na compreensão dessa intrincada rede, similar a uma teia de aranha, que é a mente feminina.

Espero que os livros que sugeri sirvam para vos cultivardes (soa a esquisito... mas existe!) um pouco mais.
Que possam iluminar o vosso espírito em momentos de desespero (se estiverem aflitos para cagar e não tiverem papel, por exemplo) e dar-vos valiosas dicas na compreensão de dois dos mais obscuros aspectos femininos... a cabeça e o cú!

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Elas!

Todos nós temos uma forma de classificar as mulheres. Tipo escala, ou pontuação de uma prova de patinagem... A maioria escolhe pelo tamanho das mamas, tipo: gaja-tábua, gaja com mamas pequenas, gaja com mamas médias, gaja com mamas grandes, gaja com umas tetas que parece uma vaca. Outros classificam por outros parâmetros. Mas há uma classificação que poderia ser comum, ou seja, qualquer gaja, por maiores ou menores atributos que possua, poderá ser classificável nela. Esta é muito simples e divide-se em 4 categorias:

Gajas feias que sabem que são feias

A base da classificação. Aquelas que parecem a irmã mais velha da Lucy, ou para sermos mais contemporâneos, parecem um dos ogres do Regresso do Rei. São aquelas tão feias, tão feias que nem se dão ao trabalho de por maquilhagem porque já sabem que não irá adiantar. E apesar de muitas serem das raparigas mais dóceis e simpáticas, têm uma tremenda dificuldade em arranjar outra coisa para além de amigos.

Gajas feias que pensam que são bonitas

Pertenceriam ao grupo anterior se não tivessem interiorizado que são muito giras, que são umas verdadeiras Manuelas do Monte (para quem não sabe, Manuela do Monte é aquela apetecível brasileira que faz de Luísa na New Wave. Aliás, fui recentemente criticado por ver esta novela brasileira em vez de defender o produto nacional. Mas que porra querem que faça se as brasileiras são muito mais giras, têm mamas melhores e são muito mais promíscuas novelisticamente que as meninas da ficção nacional? Admito que estamos a melhorar. Já há uma ou duas nos Morangos com Açúcar que eram capazes fazer mudar a coisa para Morangos com Natas... Bem, esta foi uma piada um pouco baixa, mas como o nível dos actores da novela também não é dos melhores...), e que, mais cedo ou mais tarde haverá um gajo todo bom (provavelmente cego ou com uma incapacidade visual de 99%) que as pedirá em namoro.

Gajas bonitas que pensam que são feias

As mais sensíveis ao ataque do típico predador masculino. Aquelas que se fartam de dizer "Sou gorda, sou feia, ninguém gosta de mim...". Insuspeitas quanto a uma possível avaliação por outrém, ficam geralmente caidinhas por nós quando lhes dizemos que são lindas. Receando que sejamos os únicos a partilhar daquela opinião, cedem geralmente à tentação de aceitar sem pestanejar qualquer pedido de namoro, ou até menos que isso, só para terem um incremento na sua auto-estima.

Gajas bonitas que sabem que são bonitas

Podem ser de dois sub-tipos:
Convencidas
Despreocupadas

As convencidas são o pior tipo existente. Apenas sucumbem a um gajo do estilo beto, cheio de dinheiro, que apenas veste roupas de marca e que vai para as aulas de descapotável ou carro acima dos 25 mil euros. Usam frequentemente argolas que davam para um condor dos andes (para os menos informados, ave que vive nas encostas dos andes, possuindo a maior envergadura de asas, a qual pode atingir os 3 metros e meio), vestem camisolinhas de marca, geralmente às riscas, a rimar com as camisolas dos namorados e, ou usam calças à boca de sino, ou optam por aquelas mini mini-saias que parecem um cachecol ou um cinto. Apesar de possuírem umas pernas e um rabo bastante delineados (provavelmente à custa de umas "marteladas" para ir ao sítio), um corpo relativamente curvilíneo, geralmente cabelo loiro pintado ou em madeixas, possuem também uma cavidade craniana bastante espaçosa devido à total ausência de cérebro que se manifesta essencialmente quando abrem a boca para outras coisas que não o fellatio.

As despreocupadas são aquelas que qualquer homem desejaria ter. Bonitas, vestem como as pessoas normais, são inteligentes e capazes de manter uma conversa coerente por mais do que 30 segundos como é apanágio das convencidas. O maior problema das representantes deste grupo é a concorrência existente entre os homens por elas. Disputadas por muitos, aquelas que ainda se encontram disponíveis são capazes de resistir à pressão da sociedade, não indo pelo caminho das anteriores. Sabendo das armas que dispõem, são capazes de esperar por aquele que pensam ser o homem certo.

Sabendo isto, o que escolheria a maioria dos homens?

A GAJA COM AS MAMAS MELHORES!!!!

O dia em que o rei fez anos!

A pedido de muitas famílias, e visto que tenho uns minutinhos, venho fazer mais uma entrada nesta parafernália de ideias e sensações em que se tem vindo a tornar o meu blog.

O dia em que o rei fez anos

Pois é... aqui o vosso amigo fez anos! 25 aninhos, mais concretamente! Um quarto de século de uma feliz existência que foi comemorado a preceito e a dobrar. E em cuja celebração recebi a prenda que mais aguardava... que por acaso é aquela em que estou a escrever este blog... um lindo computador portátil!
Não posso deixar de agradecer aos meus pais e avós, que apesar de eu não ser o filho/neto mais exemplar, sempre estiveram ao meu lado, me apoiaram e me deram todos os meios para me tornar aquilo que sou actualmente... um lindo mestrando!
Tenho também que agradecer aos meus amigos. A todos aqueles a quem tenho recorrido ao longo destes anos para partilhar as alegrias e atenuar as mágoas. A todos eles, muito obrigado!

To climax or not to climax

Orgasmo. Cada vez que ouço esta palavra, não consigo tirar da ideia uma cena do filme "When Harry met Sally" em que a Meg Ryan simula um orgasmo no meio de um restaurante. Eu pergunto-me (e também a quem me souber responder!), será que isso é mesmo possível? Será que uma mulher consegue fingir assim tão bem? Sinceramente, não sei...
Mas a que propósito vem esta conversa? Pois é...a questão é melindrosa! Comecemos por uma breve introdução (ao assunto, e não a qualquer outro tipo de coisa... essa vem mais à frente!).
Todos nós, em alguma parte da vida, trocámos mensagens, emails, tivemos conversas, de cariz marcadamente sexual (Bem, todos talvez não... Pelo menos alguns? Um ou dois? Espero que alguém, porque não quero ficar a pensar que sou um tarado!). Eu admito que já troquei umas mensagens (vulgo SMS) com algumas moças acerca do assunto, mas nada me podia preparar para o que me aconteceu ontem...

Dr Jeckyl e Mr Hyde

Tinha eu acabado de ter uma conversa com uma grande amiga minha, tal como faço todos os dias, e que decorrem sempre num clima muito alegre (que remédio, eu gosto dela...), quando recebo uma sms de uma rapariga que não conheço pessoalmente, apenas de contactos na net e via mensagem escrita. Após ter respondido à mensagem, a conversa acabou por enveredar por maus caminhos até que a menina decide-me ligar. Inocentemente, decidi atender (afinal, que poderia suceder de estranho? Tudo!!!!). A conversa até decorria normalmente (durante os primeiros 2 minutos, talvez...) até que a menina se sai com a seguinte frase, e passo a citar, "estou com a ratinha toda húmida"! Ora, que tipo de reacção pode um gajo ter quando uma rapariga lhe diz uma coisa destas? Eu pensei em várias coisas:
1ª- Desligar o telemóvel
Seria uma opção possível, mas parecia-me um pouco de falta de educação estar a desligar o telemóvel na cara da pobre rapariga;
2ª- Mudar de assunto
Falar do tempo, das aulas, etc... Mas acho que isso não são conversas para se ter à 1:30 da manhã;
3ª- Perguntar-lhe porquê
Pareceu-me a opção mais acertada. Afinal, ela podia estar a falar de um qualquer roedor que tinha como animal de estimação... Mas não estava! Ultrapassado esse passo, a menina não tem mais nada, decide masturbar-se enquanto falava ao telemóvel. Como rapazinho inocente e ingénuo que sou, fiquei... curioso... com tal atitude, ao que decido perguntar o que ela estava a fazer, respondendo ela detalhadamente (só faltava imagem, porque o som parecia dolby surround!) em frases entrecortadas com uns ahs e uhs, que foram aumentando de frequência com a duração da conversa. Até que mais para a frente, ela já só emitia sons desconexos, terminando com um longo gemido que faria qualquer estrela porno corar! Teria ela atingido o orgasmo? Ela disse que sim, mas como não estava lá, não posso confirmar nem desmentir... mas que pareceu, pareceu!
Agora pergunto-me... que prazer poderá a rapariga tirar de uma conversa deste tipo? Pelos vistos muito! Será que ela tem uma forma precoce daquela doença neurodegenerativa que torna as pessoas desinibidas? Talvez, visto que o passo seguinte dela parece ser encontrar-se comigo... só espero que ela decida ser desinibida num local privado, pois eu não sou o Billy Crystal nem a minha vida é um filme... embora às vezes pareça!

sábado, janeiro 03, 2004

Ano Novo, Vida Velha!

Todos esperamos que a passagem de ano seja como que uma miraculosa porta para a "twilight zone". De passas na mão, olhamos ansiosos para um qualquer canal de televisão, esperando os números mágicos que, quais números do totoloto, possam mudar a nossa vida de um momento para o outro. 10! 9!...3! 2! 1!!!!!!!! E num passe de mágica, todas as coisas más que ocorreram no ano transacto, todas as desilusões, todo o sofrimento, o desespero, a angústia que sentimos nos anteriores 365 (ou 66) dias, simplesmente Pufffffff! Desapareciam sem deixar rasto, ficando apenas as memórias boas.
Infelizmente isso é apenas um sonho, uma ilusão... a passagem de ano é apenas mais uma passagem de um dia para o outro, com a única diferença que muda o calendário e que no dia seguinte é feriado.
Apesar disso, desde há 2 anos para cá que as minhas passagens de ano se têm revelado verdadeiras caixinhas de surpresas! Só que têm sido caixinhas envenenadas, cheias de amargura, desespero e ressentimento, que têm convertido os dias seguintes num verdadeiro inferno.
Como recordo as passagens de ano, em casa, com os meus pais e avós... Na altura desejava estar noutros sítios quaisquer, mas cada vez mais confirmo que eram as melhores que eu tinha! O ano passado, como foi só a noite de 31 para 1, a coisa ainda se passou. Assim que chegou ao dia 1 de manhã, foi só pegar no carro, abalar para casa, almoçar o leitãozinho com a família e esquecer (tentar esquecer!) todas as merdas que se passaram nessa noite!
Mas este ano, foi demais! Foram 6 dias em que me passou de tudo pela cabeça! Até pegar no carro e vir-me embora! Mas não estava aqui a 2 passos, estava a 600km e tinha assumido a responsabilidade de transportar 2 pessoas! Como é que conseguimos ter uma passagem de ano completamente fodida por uma pessoa quando estamos incluídos num grupo de mais 7 que até são porreiras? Nunca cheguei a um ponto de desespero como na noite de ano novo. Para quem não bebe mais que uma bebidazinha de vez em quando, e mesmo assim demora a vazar o copo, a ideia de apanhar uma tosga pareceu-me a certo ponto um paraíso. Apoiava-me no célebre "beber para esquecer"! Mas não sou forte a esse ponto. O meu sentido de razão (ou será a minha inata cobardia) fez-me ver que eu ainda tinha que conduzir e que para além disso, beber não leva a nada.
Assim, só me restou suportar herculeamente, sem dar a perceber, todo o sofrimento de mais 2 dias a ver a pessoa que amo agarrada a outro rapaz, que ainda por cima já foi namorado dela (e que está na cara e na atitude dele que ainda gosta dela).
Mas o tormento ainda não acabou! Já que estou na merda, que mal faz afundar-me ainda mais? Afinal, acho que estou quase no fundo do poço, pelo que depois é sempre a subir! Sendo assim, decidi forçar uma conversa para hoje, e que pelo tom com que ela falou, vai ser muito pouco agradável para mim. Sei que posso sucumbir ao facto de gostar muito dela, mas foda-se, tenho o meu orgulho!
Não temo a conversa, temo as suas consequências! É que estou a poucos dias de começar com as aulas de mestrado e uma ruptura neste momento vai-me afectar bastante! Mas também, se aguentei uma situação destas no ano passado, também aguento este ano!
Há que ter esperança que este ano comece igual ao anterior, mas acabe diferente!